Tradutor

Pesquisar este blog

sábado, 17 de setembro de 2011

Uma festa no céu (Conto Polonês)


Certo dia, o Criador lembrou-se de realizar uma festa nos seus palácios azuis e convidou todas as virtudes, mas só as virtudes, os cavalheiros não.
Compareceu então grande número de pequenas e grandes virtudes. As pequenas eram mais afáveis e corteses do que as grandes, mas todas conversavam amavelmente, como deve acontecer entre pessoas íntimas e aparentadas.
Em dado momento, o Eterno notou duas belas damas que pareciam desconhecidas uma da outra. Pegando uma pela mão, levou-a à presença da outra e disse:
- Apresento-lhe a Beneficência, disse Ele, designando a primeira; apresento-lhe a Gratidão, ajuntou, indicando a outra.
As duas virtudes ficaram pasmadas, pois desde que o mundo é mundo, foi a primeira vez que se encontraram.
Encerrada a festa, a orquestra angélica entoou belíssima harmonia e as convidadas despediram-se respeitosamente, repetindo seus nomes e oferecendo suas residências.
Assim, a Fé declarou que sua morada era nas almas grandes e nos corações firmes; a Caridade disse que vivia no seio das pessoas praticantes da Beneficência, sua irmã gêmea; a Honra indicou sua moradia no peito dos bravos, no coração das virgens, na fronte dos homens de bem e das mulheres honestas; a Esperança declarou ser encontrada em todos os lugares onde não houvesse passado seu pior inimigo: o Desengano; a Abnegação declarou residir onde não houvesse o Interesse; a Consciência disse que morava junto com a Fé...
Deste modo, cada virtude foi fazendo sua despedida, declarando onde podia ser encontrada.
Entretanto, notava-se que uma virtude estava triste e cabisbaixa, com os olhos banhados em lágrimas e sentada a um canto, sem resolver sair! Era a Vergonha.
- Por que assim estás? - disse-lhe a Honra. - A festa já terminou e é preciso que as convidadas se retirem. Abraça-me e dizê-me onde te posso encontrar.
- Eis aí a razão do meu abatimento e da minha tristeza - disse a Vergonha. - As minhas amigas, quando se separaram, designaram suas moradas, ao passo que eu só posso dizer, com profundo pesar, que quem me perder uma vez, nunca mais me encontrará!


Este conto encontra-se no livro Pérolas Literárias de Antonio Fernandes Rodrigues
Não tenho muita certeza, mas acho que este conto esta publicado no blog da Tita Carre

0 comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...